O turismo, prática que está sempre a despertar novos olhares e interpretações por vezes auxiliam nesse processo. Na instalação de novos equipamentos de apoio ao visitante e de um embelezamento plástico das ruas e calçadas a fim de agradar a quem chega.
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A Praça do "Sapo" (Fonte: Flickr dilsa_cosmopolita06) |
Neste contexto, determinados equipamentos urbanos são os primeiros a receber reformas e reconstruções, já que seriam símbolos desse crescimento. As praças, símbolo das sociabilidades e trocas num espaço urbano, são as primeiras a enfrentarem os projetos "mais viáveis" e a velocidade dos tratores. O tradicional Coreto, cede espaço às fontes de cerâmicas ocas e sem plasticidade alguma. Árvores centenárias são substituidas por palmeiras ainda jovens e mudas de espécies exógenas. Esculturas, marcos, totens, bustos e outros trabalhos de artesãos locais, responsáveis pelos títulos populares cedidos a esses espaços, são retirados em prol de grandes vãos abertos propícios às festividades, que por sua visibilidade, asseguram um maior número de eleitores.
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Antiga Praça da Matriz - 2008 (Fonte: Flickr dilsa_cosmopolita06) |
Partindo dessa breve análise, declaro ser realmente lamentável o que aconteceu com as praças de Gravatá, nestes últimos anos! Como antigo morador e frequente visitante, tenho ótimas lembranças da minha infância na Praça da Matriz e nas popularmente chamadas Praças do "sapo" e Praça "dez". Hoje, quando vou à cidade, sinto estranheza diante dessas novas configurações que por motivos de higienização, segurança e um progresso disfarçado em maquiagens, sofreram verdadeiras "re-formas, re-estruturações" (como um "derruba tudo e constrói um novo"), ao invés de um plano que destacasse seus antigos elementos de maior reconhecimento e referência pelos gravataenses.
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Antiga Praça "10" |
A preservação do patrimônio, portanto, não depende de legislações punitivas nem de uma vigilância constante dos bens materiais imóveis. Parte-se de um princípio mais de auto-reconhecimento da população, que simplesmente de circunstâncias onde um determinado bem tenha valor arquitetônico ou de antiguidade histórica.
Nesta perspectiva de desenvolvimento, cabe a cada cidade, em suas diferentes comunidades e representações, o poder de decisão dos rumos que seus espaços e lugares de memória devam tomar, num exercício menos de decisões unilaterais de poder que de cidadania.