O dia que me senti mais sozinho no Rio
Andando pelo Centro
Entre suas construções megalomaníacas e fantasmagóricas
Amalgamadas em camadas disformes do tempo
Percebo as pompas monárquicas
As sutilezas da Belle Époque
As vozes das resistências negras
Os nódulos da ditadura
Os ecos da colônia
Entre um almoço com amigos e caminhadas nas ruas
Soluço
E desejo desdobrar todas as obrigações e razões
Para viver a cidade de uma maneira mais coletiva
Porque nunca me senti tão sozinho como hoje
E penso: Rio, não me deixe.
Você não pode ir ainda muito com a minha cara
Mas eu já conheço teus sinais, sintomas e sintonias
Teus cosmopolitismos e provincianismos
Tuas manias de grandeza e tuas resistências
As gambiarras e ostentações
Eu sinto o cheiro dos ossos dos teus habitantes
E preciso desse teu exagero solar
Que amansa minhas luas
Rio, não me deixe!
Essa minha carcaça pode ser rasa e perecível
Mas o coração é vasto
Me acostumei com tua poesia mundana
Tuas óperas sobrepostas e distorcidas
Eu conheço tuas almas, você já não me engana!
Nem de longe você é um mero postal turístico
Ou uma nota de samba for export ou bossa nova de novela
Conheço teus ruídos, teus silêncios, teus aplausos e condolências
Rio, não me deixe!
Não me deixe nunca mais me sentir tão sozinho como hoje
Me senti em São Paulo
Já me deixo levar por tua sinfonia cotidiana
Diferente das que ficaram em Pernambuco
Essas para mim, já se tornaram partituras de vitrines
Telas bonitas em molduras, com penduricalhos de frevos e receitas da minha avó
Rio, não me deixe!
Apenas me perceba, saiba da minha existência
Mesmo que te incomode, mesmo que te inquiete
Me deixa respirar tua rotina
Por muitos mais anos
Mesmo que você se decepcione nas minhas fraturas expostas
Nas minhas imaturidades assustadas
Não me deixe, porque aí seria partir para um limbo.
Andando pelo Centro
Entre suas construções megalomaníacas e fantasmagóricas
Amalgamadas em camadas disformes do tempo
Percebo as pompas monárquicas
As sutilezas da Belle Époque
As vozes das resistências negras
Os nódulos da ditadura
Os ecos da colônia
Entre um almoço com amigos e caminhadas nas ruas
Soluço
E desejo desdobrar todas as obrigações e razões
Para viver a cidade de uma maneira mais coletiva
Porque nunca me senti tão sozinho como hoje
E penso: Rio, não me deixe.
Você não pode ir ainda muito com a minha cara
Mas eu já conheço teus sinais, sintomas e sintonias
Teus cosmopolitismos e provincianismos
Tuas manias de grandeza e tuas resistências
As gambiarras e ostentações
Eu sinto o cheiro dos ossos dos teus habitantes
E preciso desse teu exagero solar
Que amansa minhas luas
Rio, não me deixe!
Essa minha carcaça pode ser rasa e perecível
Mas o coração é vasto
Me acostumei com tua poesia mundana
Tuas óperas sobrepostas e distorcidas
Eu conheço tuas almas, você já não me engana!
Nem de longe você é um mero postal turístico
Ou uma nota de samba for export ou bossa nova de novela
Conheço teus ruídos, teus silêncios, teus aplausos e condolências
Rio, não me deixe!
Não me deixe nunca mais me sentir tão sozinho como hoje
Me senti em São Paulo
Já me deixo levar por tua sinfonia cotidiana
Diferente das que ficaram em Pernambuco
Essas para mim, já se tornaram partituras de vitrines
Telas bonitas em molduras, com penduricalhos de frevos e receitas da minha avó
Rio, não me deixe!
Apenas me perceba, saiba da minha existência
Mesmo que te incomode, mesmo que te inquiete
Me deixa respirar tua rotina
Por muitos mais anos
Mesmo que você se decepcione nas minhas fraturas expostas
Nas minhas imaturidades assustadas
Não me deixe, porque aí seria partir para um limbo.