quarta-feira, maio 13, 2009

eau

alguém já reparou como se comportam os encanamentos? eles me lembram um pouco as veias e artérias e a necessidade de trabalho ininterrupto. e que um ou mais deslizes podem provocar toda uma desestruturação do sistema que está muito bem interligado por bombas que irão transportar líquidos a um determinado destino, que se alguém já reparou (tanto dos canos, quanto dos vasos sanguíneos), lidam com questões vitais: a água, o sangue, o transporte dos nutriente, as trocas. e assim está tudo sistematizado. e se não houvessem sistemas? e se os sentimentos trabalhassem dessa forma? não seria nada interessante. não existiriam os romances, por exemplo. e as poesias? seriam equações químicas? será que daí vem os termos de "canalizar" da psicologia? e se alguém entrar pelo cano será que ela ia sempre seguir uma vida chata e monótona?

backpacking "en amerique"

no chile eu tirei fotos na plaza com thiago e isabel. no peru visitei o túmulo de yma sumac e me peguei de lágrimas. na bolívia eu joguei um sapato no presidente e mastiguei coca. na colômbia lamentei shakira loira e gostei de medelin. na guatemala eu confirmei as fotos naquele atlas que tinha visto aos 8. em cuba eu recusei o rum mas abracei a música. no haiti eu falei francês e lembrei de arcade fire. no méxico me vesti de mariachi, rodei os desertos ouvindo rock e comi tortillas sem medo da gripe suína. nos estados unidos eu visitei new orleans, aprendi um pouco de "cajun" e visitei o oldham em louisville. no canadá eu lembrei do meu professor francês falando mal do sotaque do québec e achei toronto um saco. e depois fui dormir.

arquitetóides

Ultimamente meus sonhos renderiam bons roteiros de filmes, mesmo que fossem aqueles com propostas mais experimentais sem uma historinha fechada, apenas pelo valor estético, uma coisa meio Matthew Barney, por exemplo. E sempre nos sonhos aparece música, geralmente muito distorcidas por guitarras ou em melodias quase que beirando uma perfeição matemática. Mas, claro, que o maior peso mesmo são as imagens. Tudo se mistura no universo onírico do meu sono profundo: cores que fogem do que deve ser colorido, repetições de elementos, mudanças bruscas de espaço-tempo, diálogos nos idiomas que estudo, resquícios de infância, previsões do futuro, jantares com referências (artísticas), e muita, muita música.
Como da vez em que num sonho, estávamos eu e patrícia lá em Gravatá, bem na área de piscina que estava completamente cheia de vasos de cactos bem verdes e espinhosos, num dia nublado (eram tantos cactos que ocupavam até a piscina), mas não eram apenas os cactos, haviam centenas de patrícias e alguns diomedes que falavam o tempo todo e circulavam por toda a área: patrícias com vestidos azuis e bolinhas brancas e dios com camisas de flanela duma cor meio fraca e all stars (ambos usavam). e os verdadeiros (aquele que sonhava e aquela que ele tinha certeza que era ela) estavam confusos mas ao mesmo tempo adoravam a atmosfera. então, como numa supresa estavam todos num show, que parecia da banda Los Hermanos, e alguns clones estavam muito bêbados e começaram a falar muito mal do Marcelo Camelo (acredito que isso até o diomedes e a patrícia "originais" falariam) e uma confusão se instalou porque eles realmente insultavam o metido a "João Gilberto". e daí o resto é história.
Mas houveram outros sonhos, e haverão outros mais, baseados em canções, nos livros, nos filmes, misturando tudo, na família, nas paixões, nos lugares perdidos, nas horas jogadas, nas doenças curadas, nos pratos recusados. tudo com forte apelação para virar um filme "boring" de Godard ou uma bilheteria Multiplex. e seriam filmes de tantos outros que saíram dos sonhos alheios.