segunda-feira, julho 31, 2006

na terra do sol do pavimento

doutor: diga seu problema.
ele: doutor, estou com cólicas sucessivas, um aperto, parece que as tripas se enrolam, parece que abrem minha barriga no meio e começam a brincar com o intestino, e sempre quero vomitar e não consigo...será gases doutor? mas passei dos limites com remédios do pai que resolvem isso e até agora nada...
doutor: melhor fazer uma endoscopia.
ele: o exame dque deixa você leso?
doutor: aqui estão os documentos necessários, e não se aborreça com o plano de saúde, pois você acaba em maus planos.

(na outra aurora)

doutor: seu caso mesmo é de uma gastrite moderada.
ele: moderada, então é fraca.
doutor: já é, como se chama no interior, carne-viva
ele: então o problema mesmo é no estômago?
doutor: sim, mas se não cuidar, se alastra pelo aparelho digestivo.
ele: me falaram de uma tal bactéria...
doutor: mas no seu caso ela não se manifestou...me diga uma coisa...como anda a vida
ele: (quer mesmo que eu responda?) em que sentido o senhor pergunta?
doutor: anda de bem com a vida? amigos? estudos? trabalho? vida amorosa?
ele: (sei responder não) - pausa - "normal" (disse sem gosto, insosso)
doutor: faça exercício, tome esse papel, não coma o que é proibido e saiba deitar na cama.
ele: (médicos hoje só querem encher fila mesmo) ok doutor, obrigado.

miserável, pra tentar curar feridinha de nada numa víscera inútil, mexe em feridas mais profundas...e agora? pra isso não tem desse remédio que se eu for nessa tal farmácia sai mais em conta. vou deixar de comer, vou voltar ao tédio de academia, mas e aí? se a alma anda cansada e luxenta não há saúde de monge que resolva. e eu que achei que fosse uma glândula perto do pâncreas que mexia com os sentimentos.... só falta agora cair uma chuva para adicionar a essa dor dos infernos...nunca quis tanto como hoje vomitar, os meus anseios, angústias, o estar só de minha pessoa, mas ele reprime, segura e toma as dores para si, e remoi, corroendo, destruindo, sendo mais potente que qualquer neurotransmissor...vou tomar um café, não quero saber!

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