sábado, outubro 22, 2016

Música Periférica

Numa pausa para ouvir minhas músicas, me deparo com dois artistas que acho incríveis: Omar Souleyman (da Síria) e Konono nr 1 (do Congo). Artistas que nasceram no coração desses países e ganharam o mundo, inclusive em festivais famosos europeus, mas que em seus países (inclusive tendo já conversado com pessoas que moram neles) são artistas considerados bem populares e "chulos", declarações que me fizeram lembrar os pseudo cults brasilis ao se referirem aqui ao Pablo "sofrência" ou, sei lá, Calypso antes da fama.
Acho que agora entendo a sensação de um estrangeiro quando vem ao Brasil e fica impressionado com a música periférica (não das garagens lo-fi da classe média paulistana) mas das regiões socio-geograficas periféricas (nos teclados, guitarras, plásticos e parafernalias das favelas e pequenas cidades dos nossos sertões) chamados de "cultura de massa" por não se apoiarem nas tradições patrimonializadas de maracatus e bois e rejeitados pela crítica por serem considerados. .."chulos "
O brega-pernambuco, o funk, o forró sintetizado, o "lypso" paraense, junto com os periféricos da Siria, Congo, Mali, Camboja, México, das festas de casamento e comícios, longe dos olhos turistas que buscam "autênticos", só me fazem ter certeza desse movimento invisível e avassalador de palavras, engenhocas, vozes, improvisos nas mãos, ouvidos e mentes das pessoas. Música!
Música longe de críticas e listas para consumir before you die. Sem elitismos e segregações. Espíritos e ouvidos generosos e abertos ao mundo!

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