domingo, abril 30, 2017

a visão

Entre os séculos XIII e XIV na Europa, o sentido da visão humana era compreendido de uma maneira bastante peculiar. Já se acreditava na época que o enxergar não terminava apenas no olho. No cérebro humano, haveria uma espécie de sistema formado por cinco regiões que processariam a visão. O filósofo persa Avicenna (980-1037) apresentou um esquema do cérebro onde o olhar humano percorria. Primeiro seria a área do "senso comum" onde se apreendia as aparências das coisas; depois, a célula da imaginação (ou ymaginatio vel formalis) que retinha as formas percebidas; em seguida a "estimativa" era responsável em julgar essas percepções; seguida pela "cogitativa" responsável por combinar imagens e possibilitar a imaginação de seres e coisas fantásticas; e por último, na região posterior da cabeça estaria o "armazém" da memória (vis memorativa), havendo em sua abertura o "verme do cerebelo" que se abria para deixar as imagens entrarem na memória.
Apesar das ciências modernas terem posteriormente refutado essas interpretações, eu considero de uma riqueza extraordinária muitas das visões de mundo que sociedades anteriores à nossa construíam! Significados mágicos e simpatias se perdem nesse nosso mundo que se obriga a racionalizar tudo, tornando a existência cinza e muitas vezes enfadonha. Sejamos um pouco mágicos sempre! Não deixo de acreditar em astrologia, nas rezadeiras, nas mudanças de tempo e humores, mau-olhado, circulação de energias, força de pensamento, previsões. A vida é muito mais matizada assim!
Na gravura: O diagrama de Avicenna, datado em c. 1300. Obs: Reparem no "verme" localizado na entra da câmara da memória!

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