A viagem seguiu até a comunidade de Feijão, próxima à sede do município de Mirandiba. À medida que avançávamos nas pesquisas, era de se perceber a forte articulação dos membros desses territórios, utilizando, dentre outras ferramentas, a educação, no intuito de construir e debater de maneira compartilhada, questões ligadas à posse da terra, da etnia, preconceitos e formas alternativas de subsistência (já que a atividade predominante é a agropecuária).
De maioria cristã, a população ainda apresenta alguns de seus membros detentores do conhecimento de práticas que se vestem de recortes afro-brasileiros, porém esses saberes se encontram muito mais interiorizados e cristalizados nas memórias dos mais velhos, apesar de uma rezadeira/benzedeira significar uma exteriorização de um catolicismo popular.
A relação com a terra ultrapassa a questão de cor, e define todos como quilombolas, que se auto-identificam como tal, e se percebem sujeitos de uma história de ocupações e formação de povoamentos no município, pluralizando, dessa forma, as histórias oficiais dos detentores de poderes.
Mas o melhor da visita foi o momento na escola, nas conversas com os alunos, cada um com histórias, quilombolas declarados, com os cabelos "tranceados" bem na moda do "afro", curiosos, felizes, sem aparentar essas necessidades que as crianças dos grandes centros urbanos berram o tempo todo para que sejam satisfeitas. E a cada nova descoberta, mais me dava conta do quanto ainda não conheço no Estado, e ia me sentindo em casa.
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