Clichê? Dor de Cotovelo? Estágio para revista de trivialidades ou excesso afetivo? Nem isso nem aquilo. Resolvi tecer em poucas linhas tudo aquilo que estaria ao meu alcance sobre a temática "Amor", com base nas minhas observações (nada científicas), experiências, histórias e mesmo nas teorias e na arte, sem a pretensão de conceituar nada (que fique bem claro!)
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Representação do amor cortês medievo |
Não vou falar de amor cristão, nem muito menos de amor de família, amor de amigo e todos esses desdobramentos do amor que partem, acredito, dessa perspectiva cristã/burguesa. Falarei de amor banal mesmo, desses de novela da Globo.
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Representação do amor cortês medievo |
Numa feiosa tentativa de partir de um princípio, começo percebendo a natureza humana, de animal, egoísta, dotado de uma vontade de poder, de satisfação plena de seus desejos a qualquer preço, e de uma pré-condição do imediato. Nessa brincadeira já bati um papo com Nietzsche, Freud, Benjamin, Proust e Sue Johanson (pra quem não conhece, é uma senhora "sexóloga", apresentadora do programa "Talk sex with Sue", veiculado aqui no Brasil no canal GNT).
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Representação do amor cortês medievo |
Animal enquanto tal, nem de longe, o homem (em seu sentido de natureza, não de gênero) é monogâmico. Mais aí vem as relações sociais, a cultura, o Estado, a (s) religião (oes) e toda sua moral e imprime ao longo das eras na cabeça dos seres pertencentes ao mundo dito ocidental (vide, pós Anno Domini), que família (constituída de um casal, apto a reprodução de filhos) firmada sob contratos, seria o motor e sustentáculo da sociedade. Se nesse quadro existir "aquele amor", melhor ainda! Pois acredito que muitos já estão azuis de saber que muitos casamentos ao longo da história da humanidade são mais relações de fato contratuais, do que uniões carregadas de juras de amor eterno. (Vide as histórias das cortes reais e de muitos casamentos que vocês mesmo já prestigiaram).
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Representação do amor cortês medievo |
OK, não vim aqui para pregar nenhum manifesto de liberação sexual, nem gritar para que todos sejam poligâmicos. E ainda nesse momento, alguém a ler essas minhas baboseiras pode se perguntar: "O que esses parágrafos acima têm a ver com a sua temática inicial?" Ora, respondo que a relação entre eles é mais que legítima. Pois é neste contexto do casal (da família), que o amor (numa concepção mais burguesa) deveria se encaixar. Um amor que nasce lá dos valores do romantismo e que arrasta uma asinha pro chamado "amor? carnal", porque ninguém é de ferro.
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Tela de Tristão e Isolda |
Mas e o amor cortês medieval? Platônico, do lugar comum de Camões (desculpem os letrados), onde o contato físico não existia praticamente, e o cavaleiro poderia satisfazer todas as suas necessidades com as moças das vilas e aldeias, mas não com a dama da corte? Não é esse o amor (de fato), que vai se desdobrar desse período, sendo retomado pelos poetas e prosadores românticos dos séculos XVIII e XIX? Mas é justamente aí que entra a história do homem enquanto ser sedento de desejos (e mais uma vez não falo de homem, o gênero), e desse amor precisar de uns "ajustes".
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Cena de Bonnie and Clyde (1967) |
A partir disso, acredito então que surge essa ideia de amor mais banal que conhecemos nos dias de hoje, de uma tentativa frustrada de unir gestos de submissão cortês com os prazeres da carne (que é fraca). E é nesse ponto que surge o grande problema. Expectativas, frustrações, mundos girando em torno de alguém, dependências e ainda por cima, com tudo OK! entre quatro paredes.
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Grunges "in love" |
Seria culpa dos contos de fadas? Das grandes esperanças que alguns pobres miseráveis põem a partir dessas narrativas? Sejam elas presentes nos velhos livros ou nas telas de cinema?
E no meio desse clima caótico, quase de apocalipse, em denúncia a esse amor tão desejado pelos leitores de romances de folhetim, que aponto a minha noção (rasa) sobre o amor mas que já me quebra um galho. O amor, muito mais enquanto companheirismo, do que dessa torrente de sentimentos destrutiva e avassaladora!
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PJ Harvey - Nick Cave |
É claro que química é importante, que de repente, gostos parecidos também ajudem (apesar de não serem imprescindíveis, a meu ver), sintonias e blá blá blá. Mas se não houver companheirismo ou sinceridade, nada feito!
O que mais observo hoje em dia é uma verdadeira proliferação de status de namoro nas redes sociais. Legal, felicitações e etc. Mas também até que ponto existe de fato uma relação sincera, ou não passa mais de um "Olha só, sociedade! Tenho amigos, sou bem sucedido e ainda namoro!". Namoro como moda é muito teenager, hein! Vamos rever isso aí.
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Harold and Maude |
"Amor e amizade coexistem? Mas já não temos nossos amigos?". Olha, sinceramente não acredito muito nisso, porque um namoro unido só pelo desejo, é o mesmo que fazer sexo com uma porta. Ter alguém como companheiro (a) é no mínimo importante e ainda resolve aquele mal estar da tentativa frustrada do amor banal, um amor sem desesperos nem inseguranças.
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Birkin - Gainsbourg |
Portanto sem essa de morrer de amores, de "Oh, estou sozinho!", e muito menos de cair no primeiro enlace só pra suprir carência. (Bom, não vou continuar essa última ideia, porque isso sim é um clichê mais do que divulgado nos powerpoints brilhantes dos e-mails virais).
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Cena do Clipe All is Full of Love - Björk |