O termo "nordestino" muitas vezes circunscreve um determinado grupo
de pessoas que estão fora daquela região geográfica. "Nordestinos" são
as empregadas domésticas, os migrantes nas favelas, os vendedores de
queijo coalho, os porteiros, as caixas de supermercado, os de traços
menos europeizados.
Muita gente se incomoda com essas
denominações (já que podem carregar ideias pejorativas), eu me
incomodava também quando ouvia, mas hoje eu vejo a importância política
de abraçar es
ses termos. Já teve gente
que veio me falar "ah, mas quando você ouvir alguém falando isso de
maneira excludente, mostre seu exemplo e de outros, que são acadêmicos,
artistas, famosos lá fora". Mas não acredito que esse seja o melhor
caminho.
Eu sei também que
Nordeste é uma construção (histórica-social), e sei que discursos
identitários podem ser perigosos, mas nos casos de exclusão diante do
outro, acho importante serem tomados. Pois eu sou nordestino sim! (mesmo
com todas as diferenças de seus estados, suas microrregiões, suas
cidades), e me junto a todos os outros nordestinos (do resto do Brasil)
sejam professores, empregadas domésticas, porteiros, artistas. Todos
aqueles que se arriscam da maneira que for em lugares diferentes de seus
sotaques. E eu nunca estou sozinho!