quarta-feira, maio 04, 2016

alma sertaneja

Posso dizer que a minha alma é sertaneja: vim de uma região no Nordeste chamada Agreste, que escapa às classificações geográficas e taxiológicas, das paisagens espontâneas, desordenadas, irregulares, dos acasos, surpresas, superstições, de posicionamentos e visões de mundo ainda mágicos, tudo com uma lógica circulante, de um vocabulário bastante inteligível aos que nasceram por lá, mas confuso para os metropolitanos (que bradam e se orgulham da razão, da exatidão científica, das proporções harmoniosas das formas). Talvez dessa alma sertaneja brotaram meus interesses que passam longe de ideais estéticos de perfeição e racionalizações da vida. Daí meu fascínio pelas periferias, pelas urbanizações "semeadoras", pelas favelas, pelo esquerdo (mesmo inserido no centro), pelas culturas não-ocidentais, pelo movimento punk, pelos cantores que se deixam desafinar, as músicas que desabrocham no momento (sem muita matemática), pela arquitetura irregular gótica, pela estética romântica, anti-clássica, na contramão dos corpos "michelangescos", pelo barroco, as vanguardas do século XX, a astrologia, as circulações de energias, o imprevisível, a "selvatiqueza" das formas, o "do-it-yourself" (ou "faça você mesmo"). Tudo isso é caro não só às minhas inclinações cosmopolitas, mas também dessa alma SERTANEJA.
Que 2016 seja uma ano assim pra mim: um ano Sertanejo!

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