sábado, agosto 19, 2006

rei

Havia um príncipe que morava em um império situado nas montanhas. Ele tinha nascido em uma família tradicional que prezava pelos bons costumes e possuia toda admiração da região. Por anos sofreu influência dos ensinamentos cristãos, possuia uma iteligência aguçada e era muito agraciado na corte por sua beleza; tinha tudo naquele império que reluzia ouro, quase como um ser inalcansável. Possuia tudo que queria, estaria muito bem protegido naquelas muralhas fortes das serras e seria motivo de exemplos para tantos jovens mal sucedidos das redondezas. Porém um dia o principe cansou da mesmice, passou a questionar tudo que havia aprendido, a buscar sentido em tanta proteção e conforto que possuia; sentiu também um vazio, onde parecia existir um abismo que o confundia, o enganava, sempre deixando-o tomar pela luz fosca do bom exemplo. O príncipe cortou os cabelos, rasgou algumas roupas, tomou armas e desceu para o mar, e decidiu enfrentar a Midgar, sozinho. Machucou alma e coração, estragou o estômago, se fantasiou no álcool, passou noites questionando existências, ouviu guitarras sujas, barulhos sem nexo; riscou palavras, idéias; vomitou sua arte e sentiu o pulsar do barulho, da multidão, do vazio aparente, do individualismo e conheceu seres e coisas que mudaram suas concepções de vida. Hoje o principe regularmente volta ao império, mas para apenas agraciar o que e a quem ama, e para rir do ridículo; jogou sua coroa fora, extirpou seu sangue azul e riscou seu nome... e pela primeira vez em anos, o tal indivíduo encontrou um certo sentido para as coisas e pisou nos manuais de boas maneiras, considerado herança de família com tantas jóias incrustadas. Nobre 1 - Como pode tal beleza ser assim tão desperdiçada? Principe - Qual seria sua concepão de beleza? Se ater à luxúrias e vaidades? Nobre 1- estou falando em trocar os trapos por tecidos da realeza, gaitas e violas por violoncelos, vinhos por festas sociáveis no pátio do palácio. Príncipe - Não me importa nada disso, deixe-me em paz para apreciar o por do sol sua vaca infectada pela peste.

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