quarta-feira, dezembro 27, 2006

serrinha

hoje ele pega as tralhas e vai pro alto...serrinha...vento batendo na curva, ou não...onde judas perdeu as botas, ou não...foi lá...onde ele aprendeu o que é caráter, e todas as outras coisas que faz ele rir no meio de tantos prédios, aqui... que sempre permitiu que ele enfrentasse a frieza e o sentido de mercadoria que muitas pessoas atribuem aos outros nesse turbilhão de loucos. ele vai pra calma, pro ponto de equilíbrio, a simplicidade de uma tarde ou de uma conversa com a avó sobre quando ela casou...essas coisas...ele vai e não sabe quando volta

quarta-feira, outubro 25, 2006

história rápida

o carro espera lá fora...joga tudo na mala, acende o último cigarro, rasga os papéis, faz a ligação, toma a vodca, olha os prédios, desce as escadas, cumprimenta a vizinha, entra no carro e segue pela rodovia, sem nem saber pra onde, liga o rádio, toca algo sujo, - já sei - vou pro deserto, enterrar meus pés no sol, aumenta o volume, observa a placa, tá no caminho certo, -to indo, tchau, fui!

sábado, outubro 14, 2006

zefir

raio azul
partiu o céu em dois
e formou um vácuo
que sugava as almas
e levava pra bem longe
e aos poucos
formava-se um turbilhão
que levava lembranças
para o mundo dos esquecimentos
e depois...
o chão...
abriu-se, suspendendo os prédios
e a lua ofuscava tudo
com muitos, infinitos, pedaços de pedra flamejantes
rasgando o céu
e uma melodia
anunciava o novo ano
tão narrativa e dramática
e se ouviam os choros silenciosos aos montes
e sufocavam-se os medos....
um dia, sim, um dia...

sexta-feira, outubro 13, 2006

a flor, que tu mesma riscou

às vezes, imerso nos meus pensamentos eu concluo: acho que deveríamos nos unir, porque parece que nossa sintonia é perfeita, está acima de família, de namoros, de amigos, é algo que consegue preencher expectativas mútuas. poderíamos simplesmente juntos sumir do mundo, nos fecharmos em nosso próprio universo, que possuiria uma dinâmica nossa, sem leis externas, sem pessoas nos aborrecendo, e, principalmente sem recebermos "nãos", visto que por sermos tão bons somos sempre alvos inclusive daqueles que procuramos estimar. mesmo com nossas ocupações, a falta delas ainda é a prioridade e moldamos tudo assim, porque a vida é curta e eu mesmo penso, imagino sem querer imaginar: aproveitemos, porque em breve podemos partir juntos num vôo ou mesmo um e outro, separadamente, e...merda, (marejando agora os olhos), vejo nosso futuro, em lugares grandes, com muito barulho e nossos corações silenciados, e guardando lembranças, que tanto sabemos fazer, e por fim olhamos o mar, eu...de um lado, e você do outro, e respiramos o mesmo ar, o mesmo espaço, e, solitários, sabemos que nunca estaremos sozinhos.

quinta-feira, outubro 12, 2006

alto na calçada

e na névoa que disfarça os corações dos escuros.
bem onde se ergue ímpar a faixa suja de chão esquecido.
e sob as velhas melodias que cultivamos, ainda em nossas esperanças,
lá voltamos.
enchendo-nos de tédio e álcool.
sentados na beira do esquecimento.
juntos, e fortes, construimos nossas considerações...
muito mais agora as minhas;
mesmo você tendo me avisado
que seria em vão esmurrar a vida.
e concluimos que isso, mesmo, não existe.
apenas sonhos imbecis de quem ainda contava com o que lia.
mas a carne...ah a carne...
essa é bem mais suja que pensávamos e creio que caio em si.
e no seu silêncio,
selamos o tratado de que é inútil e...
em vão tratar dos outros.
sejamos egoístas
ninguém toma um coração pra si.
quando menos percebemos perdemos de vista.
e voltamos de novo.
ao nosso uísque que amargo, porém esquenta e ativa lembranças.
lembranças de que somos um
em nossas próprias concepções.

terça-feira, setembro 26, 2006

cole

limb by limb and tooth by tooth. just give me a kind of sign. and I am not a kitten stuck up a tree somewhere. do you love me, like I love you. when you have no one, no one can hurt you. you will miss me when I burn. It`s not an urge it is more like a duty to begin. I`m always looking for a sun to shine. I lie in my bed totally still. the sky turns grey, when I end and you begin. undo this privacy, embrace me. because I love my sister Lisa most of all. a wolf among wolves and not as a man among man. circus is leaving town so ruby dry your eyes. what the hell am I doing here. the way they act, I'd rather be fat than be confused. I don't love anyone...well maybe my sister...maybe my baby brother too. when I think of it my fingers turn to fist. it beats me but I do not know. this is the weeping song, a song for us to weep. I'm gonna away, forever. you do what you want, well I will do what I want. serveant of all and serveant to none. today is the birthday. but now I feel so different. just whish I was a bullet proof. since I was born I started to decay. with a palm full of stars I shake them like dice. gave myself to sin, I gave myself to providence. and if there's a place I wanna go then I'll be there with you. ain't no grave can hold my body down. darling, I hope that my dream hasn't haunted you, my heart is telling you how much I want you. you know that I adore you, so don't make me say it, it would burst the bubble. why do we crucify ourselves? everyday. how do I master, the perfect day. If you wait another day, I'll wait the day. there is no cure for love. everybody wants a box of chocolate and a long steemed rose. so many people you have to meet without your clothes. this precious illusions in my head did not let me down when I was defenseless. soon this space will be too small. and no more shall we part. that there...that's not me. I want to go on a mountain top, with radio and good batteries and play a joyous tune and free the human race from suffering. I cherish you. now home feels so empty.

sábado, setembro 23, 2006

triste saga da princesa

ah..Ovelia, berço de marfim em Ivalice, ah brincadeiras no jardim, ah carinhos de pai-mãe. ah Ovelia...ensinos no Mosteiro, poucas amizades, cartas ao vento, solidão...ah, Ovelia, marionete, objeto de poder, perseguida por todos, alvo de assassinos, presa nos porões...ah, Ovelia, amor desperto, esperança quase morta, brilho de espanto, euforias...ah, decepções, enganos, desolada Ovelia, ah enlouquecida, apunhala a quem não mais amou, ah recebe de volta...adeus Ovelia...adeus a mim mesmo

terça-feira, setembro 19, 2006

escrevo...

boa tarde! acho que acabo de voltar a escrever e gostaria que os poucos que aparecem por aqui acreditassem nisso. pois então, sentindo cheiro de óleo queimado, com os dedos encolhidos, vento na cara e ouvindo canções gigastescas e cinematográficas. eu. diomedes. no meu estado de .... de..... jogar as coisas pra fora (já que não posso muitas vezes dizer na cara das pessoas), começo então meu monólogo de não sei qual número....

hoje com os pés fincados numa parada de ônibus cheia de árvores e velhinhas passando eu tive um daqueles meus momentos de euforia...sabe como é? aqueles em que você pensa que seu umbigo está no meio do mundo e que você é um herói sem causas e que tem muito pra viver? pronto. foi isso.

penso então....tenho duas pernas....isso me dá poderes pra fazer muito..por mim mesmo, já que somos egoístas no fim das contas..assim, quando perdê-las ou mesmo a visão, eu reformulo meus pontos de vista encardidos e acabados de nascer...deu pra entender essa última frase? pois bem....

um coração....desses que nem bate muito, agora está acelerado...mesmo, e parece que voa...e...e...uma vontade de derramar lágrimas, não de tristeza, não de um louco, mas de alguém que acordou eufórico e concluiu que se vive apenas quantas vezes você mesmo quiser. e que luzes batem na sua cara todo dia de manhã por causa nenhuma....ponto. não estamos aqui pra cumprir nada, pra deixar nada. estamos talvez pra pesquisar...pesquisar o porque disso servir (quem tiver alguma resposta mesmo que incompleta me responde).

às vezes penso....viver...viver é desafiar a si mesmo, morrer, assim se deixando empurrar com barriga, é desleixo....e tenho dito...um sei lá o que (eu) de gente que não tem porra de ideologia nenhuma...vamos viver e quem quiser jogar flor no meu túmulo..vá; vivo pra espirrar ou mesmo pra sentir o cheiro e dizer "maracujá?", não estarei.

por tanto: fudido? esquecido? sozinho? sem grana? doente? feio? gordo? burro? mesmo com tudo isso...vamos viver menino..menino que saiu lá do frio pra ficar é doido aqui no mar.

até mais...vou tentar aprender coisas na frente de um quadro.

sexta-feira, setembro 01, 2006

para quem perguntar o que quer dizer o nome do meu blog

ao encontrar um tesouro
serei fiel ao achado
e prometo nunca me segregar dele
provando o que sou e o que devo ser

e agora....

observo os riscos nas paredes pela rua
mas vejo de fato muito mais por trás das cores
e bem de frente pro meu humor,
o caminho, de fato, jaz em uma linha (certo)

vejo tudo iluminar, luzes fortes e assustadas
e seus olhos atentam-se para o escuro.
e eu, a enxugar o rosto, não me assusto
mas tento fazer-me são, bem perto de onde você se encontra

mas como pode ter sido tanto assim para ti?
quando tinham sempre aqueles que riam...?
e peço sempre que possa me lavar de flúidos
enquanto aos poucos fortaleço meu vocabulário...

não é um apelo, é quase que uma tarefa
começar a explorar coisas do mundo
e restaurar a pele com injeções de beleza
e se bagunçar com ela, e expor minérios

e creio que você não notará
já que sou apenas vento e clima, apenas para você

sábado, agosto 19, 2006

a quase primeira

os quadros equivalem-se:

em tamanho e em formatos do passado.

o chão torna-se o suporte, a segurança;

a mente se dilui no ar, pois há sempre de ser assim...

os quadrados são surrados...

surrados pelo tempo, pelas lágrimas, pelas quedas, pelas perdas;

e ao invés de tomarem uma forma circular

fechando um círculo de vícios,

os quadrados criam artérias bombeiam sangue e crescem como diamantes

indestrutíveis, rígidos, porém belos e puros.

(sim, apareceu a estrela do mar...)

sobre uma quarta

Anne: preciso passar...passar pelas trilhas, alcançar o outro lado...o concreto não deixa, há um desvio, devo tomá-lo
Ganso: a fila é grande e o vento nos favorece, espere, é necessário que espere
Anne: comi meus dedos, arranquei cabelos...não aguento
Ganso: os menores vão na frente...eles mal sabem andar (paciência)
Anne: eu sei pisotear!!!
Ganso: pois pisoteie
Anne: ......
Ganso: artérias estendidas de uma pobre mulher vadia (e sumida)

espejo

o espelho todo dia me dá uma resposta diferente,

creio que sou um ser multifacetado...

não..não sou

eu conheço muito bem as raízes

que bebem o sangue das heranças.

o espelho só quer mesmo me enganar,

acredito muito mais no que meus sentidos e nos sentidos que os outros exalam diante

de minha figura,

figura de sal

que se desintegrará se olhar para trás

um olhar de retrocesso

que vai além das boas lembranças nostálgicas

que alcança o lado fosco do espelho

um nada!

algumas impressões

cheiro de gasolina, a luz da lua batendo na cama, o fim de tarde que silencia tudo, o nascer do sol às 5 da manhã, tomar banho no escuro, gritar dentro de um copo, estourar bolinhas, bater palmas e pé, correr pelo corredor, embaçar o vidro, se encolher quando chove, sentir cheiro de papel novo, comer purê, abraçar, sentir o coração bater pelos pulsos, brincar com o cereal, escrever o que o coração tenta falar, fazer careta no espelho, riscar na parede, andar descalço, rasgar papéis, sentar em escada, deitar no chão frio, olhar pras árvores, criar sonoridades com o barulho na rua, imaginar o que as pessoas pensam, olhar como uma máquina fotográfica, atravessar pontes, caminhar com alguém do lado, conversar na cama com a irmã até amanhecer, passear de carro com o pai ouvindo will oldham, brincar de bate palma com a mãe, ouvir as histórias da avó, perguntar o que os amigos acham... observar detalhes arquitetônicos, escrever em cadernos já rabiscados, se olhar pela janela, andar no meio da rua, sentir frio no pé e sorrir de vez em quando....

uns prazeres aí

o céu na serra

se esse pedaço de céu falasse...
ele contaria as euforias de minha infância,
e os temores da adolescência...
derramaria as lágrimas em chuva
e aqueceria as manhãs com os sorrisos...
mas ele nem mais me conhece,
não sabe onde me encontro,
ele me esqueceu,
mas ainda me recordo de cada nuvem
que me assistiu por tantos anos...

naquele dia...

He's in a ball and doesn't know what to do
Shall he dance along with the music?
or go to the window and watch the hours pass?
have some drink?
look for someone?
is he really perfect as everyone says?

uma definição de quem seria

o rei de seu próprio reino
o mestre livre das situações
servo de ninguém
lutador de causa nenhuma
um lobo entre lobos
e um artista das causas escuras

a moça e as flores

Seus movimentos oscilavam entre leveza e dureza quase de guerrilha

Os cabelos realçavam com o frio da manhã entediante

Deslizava pelo cinza

E carregava expectativas

Que morrem ao anoitecer

Mas embelezam as salas de dia.

Salas arejadas

Que se alojam nas entranhas

Com o perfume que inibe...

Assim fazia todos os dias,

Inibindo as dores e as incertezas.

björk 1977

A maioria que já ouviu falar em Bjork supõe que seu primeiro disco data de 1993, o Debut; se formos considerar a Bjork de hoje, e toda a extensão de sua carreira, até que isso não estaria errado; mas lá pela década de 70 quando ela tinha apenas 11 anos e influenciada pelo seu padastro que também era músico, a islandesa decide gravar um material, que hoje é almejado por colecionadores da artista. As influências vêm de materiais que ela costumava ouvir em casa...rock dos pais e jazz dos avós, além de já na época ser apaixonada pela sonoridade da Kate Bush. O disco conta com todas as faixas em islandês, incluindo dois covers: um dos Beatles (Fool on the hill) e Stevie Wonder (Your kiss is sweet), a sonoridade apesar de lembrar elementos infantis (óbvio, a Bjork era criança ainda), de bobo não tem nada, todos tratam de histórias carregadas de mitologia nórdica, fábulas recheadas de fantasias e elementos pagãos. Sua formação musical acadêmica também se faz presente no trabalho, em uma faixa instrumental escrita por ela mesma em homenagem ao famoso artista plástico islandês Johannes Kjarval. Seu primeiro trabalho teve uma boa repercussão em sua terra natal, porém toda essa fama repentina e na idade em que estava trouxe problemas na escola e uma rejeição a um convite para gravar um segundo disco...depois disso, Bjork ficou de molho, até a onda punk aportar pela ilha e modificar sua relação com a música. O trabalho teve apenas tiragem em Lp e cassete e nunca foi relançado em CD, restando apenas aos curiosos recorrerem a bootlegs.

diamanda

Diamanda Galás foi uma das maiores descobertas feitas por mim no meio de tanta coisa musical interessante ou não. Podendo ser considerada uma artista de vanguarda, sua voz seria algo entre "uma extensão vocal de três oitavas e meia e cordas que vão de graves urros guturais a gritos lancinantes de soprano dramático." Sua grande paixão são os palcos, onde geralmente munindo apenas de um piano e entrando num verdadeiro estado de transe e catarse, porém meticulosamente trabalhado, lança suas canções pagãs, de fúria, de paixões, dor e morte. De fato uma das poucas artistas dotadas de uma sensibilidade que vai além da percepção da maioria dos considerados "músicos" de todo esse mainstream. Diamanda é chamada por muitos de louca, satânica, destrutiva; porém o que de fato assusta a muitos é a maneira como ela consegue tocar em feridas tão bem maquiadas por toda nossa sociedade hipócrita. Um de seus mais recentes lançamentos trata-se de um disco de covers que passeia pelos mais diversos estilos intitulado "La serpenta canta" com destaque para canções como "I'm so lonely I could cry", "ain't no grave can hold my body" e "frenzy", todas com uma roupagem no melhor estilo diamanda galás.

Artigo extraído do uol.com de 1998:

Galás é uma das artistas mais controvertidas dos Estados Unidos. Ativista de grupos de combate à Aids, Galás tatuou na mão esquerda os dizeres "We Are All HIV+" (Somos Todos HIV+) desde que seu irmão morreu, vítima da doença, em 1986. Durante uma manifestação do ACT UP (grupo gay de militância) na St. Patrick's Cathedral, em Nova York, em 1989, Galás foi presa por "distúrbio da ordem pública" e em 1990, após uma apresentação no "Festival delle Colline", na Toscana, o governo italiano a denunciou por "blasfêmia contra a Igreja Católica Romana". Em um de seus discos Galás dispara: "Satã mora na América". A mesma fúria e inconformismo que Galás expressa em sua vida de militante foram transpostos para a música. Desde seus primeiros trabalhos, "Wild women with steak knives" (Mulheres loucas com facas de cortar carne) e "Tragouthia apo to aima exon fonos" (Canção do sangue dos assassinados), de 1979, Galás trata de temas como morte, perda e isolamento, temas desenvolvidos nos trabalhos que vieram a seguir: "O isolamento pode matar", ela diz. A discografia de Galás conta com 12 discos (todos lançados em CD pela Mute Records). Em "The divine punishment", de 1989, Galás utiliza textos bíblicos musicados para mandar um recado irônico àqueles que viam a Aids como uma "punição divina". Seu disco mais recente, "Malediction and prayer" traz uma insólita regravação de "My world is empty without you", sucesso das Supremes, além de poemas de Pasolini e Baudelaire musicados por Galás. Por causa de sua postura considerada provocadora e ofensiva, Diamanda Galás já foi chamada pela crítica de "Noiva de Satã", "Diva da Doença" e "Rosa Negra da Vanguarda". Bem humorada, ela acha graça. Em abril de 1992, a revista norte-americana Vanity Fair publicou uma foto de Galás, feita por Annie Leibowitz, onde ela posa, torso nu, pendurada a uma cruz em meio a chamas. Para Galás, filha de pais gregos, a fúria é a única resposta adequada aos deuses injustos que governam a vida dos mortais: "Está no espírito grego", ela justifica.

Tanya Tagaq

Tagaq é um exemplo típico de artista completo; nascida na região Inuit do Canadá, desde cedo estudou artes plásticas, se revelando uma artista que retrata a sua cultura de uma forma bastante peculiar, porém o que mais se destacou em seus trabalhos foi a sua maneira particular de se expressar em uma espécie de canto tradicional do povo Inuit: "throat singing"; trata-se de um jogo em que duas mulheres disputam suas capacidades vocais, em variaçoes de canto que se assemelhariam a sons da natureza (leia-se a região do extremo norte da américa). A partir disso, Tagaq, com sua sensibilidade artística e sozinha, moldou o throat singing a sua maneira, o utilizando como uma forma intimista sua de se expressar, tendo trabalhado com artistas como Björk (no álbum Medulla; na trilha do filme do Mathew Barney, Drawing Restraint 9 e em algumas apresentações na turnê do vespertine) e o Kronos quartet. A Tanya atualmente apresenta-se em vários espaços e festivais e acabou de lançar seu primeiro disco intitulado Sinaa. “ I guess if I was forced to describe what I am doing, I would have to say that I am interested in instinctual and emotional capacity.” Tagaq

frusciante

Um barulho que não sai da minha lista esses dias é o John Frusciante...na verdade eu já tinha um monte de material dele mas estava entregue a poeira, graças ao tempo que passei ouvindo coisas folk...mas ultimamente eu venho percebendo a força que ele tem nas guitarras...é de você simplesmente parar no tempo e gritar alto "PORRA", elas possuem uma desenvoltura, parecem até que dançam, as baterias são bastante sujas, os vocais do frusciante são rasgados..enfim, é tudo o que eu mais queria ouvir de algo que soasse como contra-cultura; claro que ele possui alguns álbuns mais acessíveis até, mas se qualquer ouvinte parar pra analisar seus dois primeiros discos e os 6 últimos de sua façanha de gravá-los em 6 meses, vai perceber o quão lo-fi, lisérgico, experimental o frusciante pode soar com suas guitarras que são tão mal aproveitadas naquela banda que já foi legal um dia... Particularmente eu poderia chamar o frusciante de trovador urbano...desses que vivem no coração do mundo pop e fútil mas consegue seguir a direção oposta, como se parecesse um último suspiro de algo de valor em meio a tanta coisa descartável; com gritos de fúria acompanhado com suas guitarras ensurdecedoras ou ao piano clamando canções de destruir a alma, às vezes ele me lembra o som do mars volta (não é a toa que já trabalharam juntos).

rei

Havia um príncipe que morava em um império situado nas montanhas. Ele tinha nascido em uma família tradicional que prezava pelos bons costumes e possuia toda admiração da região. Por anos sofreu influência dos ensinamentos cristãos, possuia uma iteligência aguçada e era muito agraciado na corte por sua beleza; tinha tudo naquele império que reluzia ouro, quase como um ser inalcansável. Possuia tudo que queria, estaria muito bem protegido naquelas muralhas fortes das serras e seria motivo de exemplos para tantos jovens mal sucedidos das redondezas. Porém um dia o principe cansou da mesmice, passou a questionar tudo que havia aprendido, a buscar sentido em tanta proteção e conforto que possuia; sentiu também um vazio, onde parecia existir um abismo que o confundia, o enganava, sempre deixando-o tomar pela luz fosca do bom exemplo. O príncipe cortou os cabelos, rasgou algumas roupas, tomou armas e desceu para o mar, e decidiu enfrentar a Midgar, sozinho. Machucou alma e coração, estragou o estômago, se fantasiou no álcool, passou noites questionando existências, ouviu guitarras sujas, barulhos sem nexo; riscou palavras, idéias; vomitou sua arte e sentiu o pulsar do barulho, da multidão, do vazio aparente, do individualismo e conheceu seres e coisas que mudaram suas concepções de vida. Hoje o principe regularmente volta ao império, mas para apenas agraciar o que e a quem ama, e para rir do ridículo; jogou sua coroa fora, extirpou seu sangue azul e riscou seu nome... e pela primeira vez em anos, o tal indivíduo encontrou um certo sentido para as coisas e pisou nos manuais de boas maneiras, considerado herança de família com tantas jóias incrustadas. Nobre 1 - Como pode tal beleza ser assim tão desperdiçada? Principe - Qual seria sua concepão de beleza? Se ater à luxúrias e vaidades? Nobre 1- estou falando em trocar os trapos por tecidos da realeza, gaitas e violas por violoncelos, vinhos por festas sociáveis no pátio do palácio. Príncipe - Não me importa nada disso, deixe-me em paz para apreciar o por do sol sua vaca infectada pela peste.

Herança

Certo dia sonhei que estava nas serras; a neblina me escondia e me alimentava, o verde me cegava e confundia. Era uma manhã estúpida de primavera, e eu enxergava aquelas casas, os arbustos e as pedras com uma emoção nunca antes pensada. Eu sinto falta...falta do milho, das histórias do moinho, de como se vendia nas feiras do sábado "a melhor farinha", dos cantos que reuniam rebanhos, do espaço construído para crescer as crianças, eu sinto falta dos risos encomendados, dos apelidos que se abreviavam, de uma jornada inteira de sonhos e concretizações e do que podia ser observado logo ali numa das encostas daquela serra, sendo vigiado por aquela estátua fria e branca que foi motivo de tantas inquisições. Afinal não é todo dia que se apresenta com 84 números, aquele que sinto falta.

última

P.

Na verdade eu não sei como iniciar essa carta...ainda estou organizando na mente as sentenças que vou lançar aqui...além do mais devo tomar cuidado para não ser influenciado pelo meu estado repentino de euforia aqui...enfim, vamos iniciar... A conheci de uma forma não muito convencional e até que abomino às vezes de certa forma, pois na maioria das vezes (nesses casos) as pessoas reparam muito mais nos atributos físicos da pessoa ao invés do que de fato elas são feitas...mas eu ainda pude utilizar a desculpa para conhece-la por termos realmente alguém muito especial em comum...a senhorita S. Eu não vou enumerar aqui os nossos gostos em comum: seja por música ou filmes ou arte em geral, porque isso foi apenas um pretexto para que pudéssemos conhecer um pouco melhor sobre nós mesmos...na verdade, de inicio, saber de sua existência serviu como um certo conforto, por ter me dado conta de que não era o único a passar por certas angústias...e realmente temos sim muito em comum (sem soar piegas). Passadas então essas primeiras impressões percebi de fato, que possuímos semelhanças também em nossa forma de enxergar e se relacionar com os seres, sempre pontuadas por alternâncias de pólos, a ponto de descobrir que um contra-balança o outro para evitar excessos...acho que você já percebeu isso...seria esse o conceito que é tão batido por aí de “alma gêmea” ? Eu acho que o que mais me admira em você, e o que também faz parte da minha filosofia de vida, é a melancolia...ela que desperta a nossa sensibilidade, nossa criatividade e consegue fazer com que vomitemos todas as nossas angústias latentes em forma de arte...e eu também descobri que muitas vezes o que pode ser uma terapia também acaba virando uma arma contra nós mesmos...mas para que parar, não? Para sermos almas ocas? Concepções de amor que criamos parece ser tão semelhantes também...de fato poderíamos namorar a nós mesmos e sim, nos achamos perfeitos demais para estar com qualquer pessoa, e rapidamente nos cansamos caso elas não consigam atingir nossas expectativas, mas, apesar de tudo isso, sei bem que nunca gostamos de magoar as pessoas...e na verdade...quem somos nós para querer isso não acha? Se há felicidade no amor? Bem, isso eu não posso responder...eu gosto sim de acreditar nisso, eu acho que no dia que eu parar de acreditar (o que de certa forma vem ocorrendo) irei preferir a morte, pois não me vejo e sei que você também não se vê como um ser frio e racional. Sim, somos loucos. Sim, tínhamos tudo para dar certo mas não demos, e na verdade...qual seria a graça disso tudo? Para sermos medíocres? E nos atermos a coisas que hoje são as que mais me envergonham nessa sociedade por parte de pessoas da nossa idade? Somos e morreremos assim...loucos...seja lá qual for essa loucura que as pessoas tentem nos rotular, pois poucos serão capazes de fato nos entender um dia, e eu não estou disposto a fazer com que ninguém entenda. Apenas não quebre a promessa...estamos nisso juntos...sempre...

Azul

“there’s more to life than this...” (ouve-se ao longe…uma canção...we watched our sad-eyed angel fall)

It’s not over...........

penúltima

Cara amiga S.

Não sei o porquê, mas inconscientemente desde o princípio eu quis tê-la como confidente, havia coisas em você que me despertavam interesse e não era nada que soasse egoísta, simplesmente existiam essências que me atraiam e então decidi me arriscar, como sempre faço em todas as minhas formas de me relacionar com seres humanos, afinal, mesmo às vezes não querendo, eu sei que é necessário se dispor ao suor humano que no meu caso é apenas para me confortar no sentido de não me sentir como o “único a vagar”. No início foi complicado... poderia simplesmente não passar de algo que beirasse o coleguismo (já que fazíamos parte de mesmos círculos sociais e por conveniência poderíamos apenas nos deter a relações formais), mas eu quis mais, porque algo me dizia para continuar e, de fato, dependeria de mim. Aos poucos fui aumentando meu tom de voz, abrindo minhas páginas de vida, elevando minhas expressões, sofrendo uma verdadeira mudança de estado físico da matéria, no início apenas para você, mas como eu estava diante de alguém que a meu ver possuía determinação, responsabilidades, Ética, coragem, isso me fazia tornar forte, para enfrentar o meio externo... sair do casulo, que achei tão cômodo durante 18 anos... Contemplei os prédios, as pessoas, o barulho, os elementos humanos dos mais diversos... nesse mosaico tão complexo que é essa nossa cidade, e praticamente saindo das minhas artérias... eu finquei minha âncora por esse cais e decidi que aqui seria...onde eu buscaria saber mais sobre mim mesmo e do que eu queria de minha existência.... e você quem me trouxe as cargas necessárias para isso. Mesmo assim ainda havia coisas que nos detínhamos a falar ...como nossos sentimentos afetivos com outros seres...nossas fraquezas (que guardávamos para nós mesmos), angústias, carências...lacunas que ainda seriam preenchidas e que criavam um verdadeiro abismo de silêncio ainda em nossos contatos. Então...diante de tantas circunstancias pelas quais tive que enfrentar em últimos meses e de finalmente ter encontrado (ou parcialmente), meu ego...lancei para fora todas as minhas angústias, medos, ansiedades, amores, tristezas, saudades...tudo. E finalmente pude perceber sua confiança de fato...de contemplá-la quase como algo tangível, e a reciprocidade em todos os aspectos se fez... Rimos , choramos , nos confortamos, trocamos palavras e gestos, discutimos, questionamos, aprendemos, erramos, crescemos, construímos, apagamos... Aquela que sempre puxa meus pés para o chão (pois às vezes se faz necessário).

“não se entristeça...por nada que fizer ou deixar de fazer”

Laranja

ainda nas cartas

Amiga R.

Quanto tempo desde então hein? Engraçado como sempre conheço de fato as pessoas que adoro hoje em situações ou lugares entediantes...e certamente com você foi o mesmo...lembra da festa? Música inaudível, público deprimente e chuva? Mas lá estava você, sempre comunicativa, sempre fazendo com que tudo que parecesse ridículo se tornasse pelo menos passível a ser engraçado e acabei até trocando inconscientemente quem me havia de fato lhe apresentado...por todo esse seu jeito simpático...que apesar de não ser meu forte é o que me atrai nas pessoas...afinal ninguém gosta de cara azeda não? E tantas coisas engraçadas aconteceram...discussões sobre arte, pessoas, lugares, viagens, alguns passeios pela cidade que tanto odeio mas não consigo viver sem (pelo menos nas horas de recarregar minhas baterias)...e nisso tudo houve até uma certa confusão de sentimentos...pelo simples fato de estarmos mais nos conhecendo exteriormente, do que fato fazia parte de nossa essência...e houve inclusive uma lacuna, lacuna de tempo e de espaço (cujo segundo sempre existiu, mas nunca foi um problema e nesse caso então foi até melhor para que pudéssemos organizar nossas impressões) E graças a fatores cronológicos e geográficos conseguimos nos organizar e tudo voltou a ser como antes...até mais seguro eu diria...as mesmas pseudo-brigas, os conselhos que nem sempre vinham pra aceitar amigavelmente aquilo que era exposto e mesmo com minha teimosia e orgulho de sempre, precisava de fato enfiar os pés pelas mãos só para no final ouvir um “não falei”, e aí sim me confortava...por me surpreender tanto de “a que ponto uma pessoa conhece a outra”; é claro que às vezes existia uns certos excesso de sua parte...coisas bem explicáveis pela astrologia (outro vício que adquiri com você, assim como um certo aguçamento do humor sarcástico). O que sempre me fascinou em você foi a resiliência...não sei se pelo certo racionalismo que você adotou para que fizesse parcialmente parte da sua vida ou se questões astrológicas expliquem... Sua mente também sempre me fascinou, que costuma confundir, atrair, questionar e ser apenas LIVRE. Apenas agradeço os tapas na face, os ouvidos suportáveis, a voz disposta, o abraço firme, os pés “dançáveis”, e a maneira de sempre tentar simplificar as coisas.

Amiga C.
Nossas afinidades foram percebidas quase que de imediato...desde quando decidi ancorar por essas bandas... Nunca brigamos, nunca nos contradizemos, parece-me..ou melhor...tenho toda a certeza de que nossas conexões sempre foram algo que beirava o perfeito, o belo, pois mesmo todos esses meses que nos deixaram afastados, nem sequer inibiu todo o incêndio que já havia sido alastrado; foi apenas um período para que voltássemos fortes, vencêssemos nossos obstáculos (que foram tão bem discutidos de forma recíproca por nós)... Um período em que pudemos conhecer melhor sobre nós mesmos, de finalmente termos encontrado nossa identidade. E vieram tão bons momentos...que não eram mais regados de silêncios ou de receios, estávamos livres, seguros, para enfrentar, questionar, correr, rir, viver... Nem importa quais sejam nossas teorias sobre existencialismo, o que eu tenho certeza é de que tudo isso será eterno, seja lá qual for essa eternidade que tomaremos por convenção...porque você me faz enxergar coisas que meio que se perdem nas minhas concepções de vida...como a esperança por exemplo, ou até mesmo a vontade de buscar viver intensamente, de evitar arrependimentos e de sorrir mais... Tantos verbos aqui na primeira do plural...mas isso só porque todo esse sentimento não é algo individual..meu...que eu sei, é algo nosso, que vivenciamos juntos...a beleza...que vai mais além dos nossos moldes físicos...atinge algo maior...não só o de possuir, mas também o de ser...belo...

Vermelho

“he believes in a beauty....”

1ª carta

Cara amiga B.
Sempre me perguntava das vezes que nos esbarravamos em nossos compromissos corriqueiros se um dia de fato me importaria com você...parecíamos ser tão diferentes e até existia um certo ar de antipatia mútua..culpa da timidez como sempre. E quem diria também que foram esses mesmos compromissos que nos faziam criar um campo de repulsa também ajudariam para que conhecessemos um pouco mais sobre a natureza um do outro...suas impressões sobre mim você já fez questão de declarar, e isso é o que me admira em você (além de outras coisas), o simples fato de não ter vergonha de elogiar alguém que gosta; portanto agora é minha vez... Me surpreendi quando a reencontrei (digo em diálogos) depois de dois anos naquelas loucuras de letras e números numa sala da serra....lembra? E mais uma vez em uma sala...só que dessa vez nas planícies de mangue, nas terras de engenho...mais fortes do que nunca, seguros de si, como não estávamos naquele contato inicial. Você estava forte, decidida, feliz e MÃE. E aos poucos fomos mais e mais estreitando nossas relações, trocando nossas impressões sobre o mundo, sobre as pessoas e coisas e nas formas de nos relacionarmos com elas, e sempre envolvidos pela sua intensidade de alegria, de simplesmente me fazer sorrir várias vezes e de me deixar livre para que pudesse me externar com você. Sei também que nem tudo para você é fácil, mas sei também que possui escudos e armas para que cada vez mais possa sair de tudo isso ilesa e que mesmo assim você não perde aquilo que a torna única...ser alegre...e contagiar os que ama....

Amarelo

“mother heroic, mother glorious...beholding in thy eye…immortal tears”

inércia

E se eu disser que esses números não importam?
E se pensar em reconstruir e refazer teorias?
Em queimar livros?
Em reciclar cadernos?
Em atear cinzas nas ruas?
E se quiser começar rebeliões?
Questionar pessoas?
Oferecer idéias?
REUNIR?
UNIR?
Nem sei...isso cansa...a cama está tão confortável...

incidente no sul

Eu preciso deixar registrado;
De como me fartaria emocionalmente;
No ônibus empurrado;
Na avenida dos prazeres;
Me encontrar em louvor;
Vendo cada vitrine;
se espatifar, se partir;
e no lugar; crescessem mangabas;
ouvissem guitarras e estrelas;
do que não vejo e não sinto;
de onde escolhi para viver;
o Mar.

Misa criolla (texto antigo)

Impressionante o que você pode encontrar numa noite de quinta feira no Centro do Recife: meninos de rua pendurados nos ônibus, fiteiros cheios de pessoas comendo alimentos gordurosos, senhoras lendo bíblias em carros importados, dançarinas de brega com suas roupas espalhafatosas, “riot girls” lésbicas em frente às lojas velhas fechadas, estudantes desiludidos voltando para casa, luzes francesas refletindo no rio Capibaribe... e no meio de tudo isso, escondida no meio dos velhos sobrados e dos prédios “modernosos” pós década de 70, na rua Nova, se ergue a Igreja barroca de Nossa Senhora da Conceição dos Militares, com seus detalhes em rococó que confundiam minha visão em cada canto, cada estátua, cada relevo, em um acontecimento mágico e secreto: o coral universitário da UFPE apresenta em menos de uma hora a reconhecida e admirável misa criolla, peça musical criada por Ariel Ramirez em 1963, que adaptou o tradicional texto em latim das missas, para o espanhol e com arranjos folclóricos típicos dos paises latino americanos. Dois momentos podem ser destacados na noite: Kyrie a primeira parte da misa, acompanhada pelo tenor e todo o coral “psicodélico”, segundo o maestro, seguido pelas frias batidas de percussão que pulsavam com um ar de sagrado pelo ambiente; e logo em seguida o Gloria, belíssimo, bem acompanhado pela percussão popular, e violão com cânticos alegres que instigavam pessoas à se levantarem dos assentos e dançarem, fazendo-as esquecer de como é árdua a vida em uma metrópole suburbana brasileira. Apenas um defeito pode ser constatado pela minha análise durante toda a apresentação, tudo se fez num curto espaço de tempo, e até quebrando protocolos, merecia um popular “bis”. Isso prova que a cada dia que passa o Recife guarda seus mistérios por trás de toda essa arquitetura exótica e caótica, e a torna o lugar que escolhi para viver... por um tempo.

will oldham e o folk

Conhecer Bjork simplesmente abriu o leque de possibilidades musicais, através dela se conhece mais do pós punk, do eletronico ambiente, do trip hop, de peças classicas e tambem do folk, já que a propria graças a sua versatilidade pode ser considerada uma artista folclorica mesmo, e foi nessa coisa do folk que conheci o Will oldham, um cara de Louisville, ator e músico que trabalha algo que pode ser considerado folk/country underground obscuro americano, sem querer cair em estereótipos. Fugindo sempre de grandes gravadoras e do estrelato, o Will vem se apresentando sobre diversos pseudonimos e uma variedade de discos desde o inicio da década de 90, dentre eles palace brothers e bonnie prince billy, mais conhecido e que rendeu 3 bons albuns. Recentemente também, o músico regravou algumas de suas canções dos tempos do palace com uma roupagem mais country, dando origem ao disco "sings greatest palace music" e seu último disco "superwolf" também é bastante louvável. Will também tem em seu curriculo vários covers, dentre eles de sinnead o'connor, pj harvey, beatles, e pasmem...mariah carey; além de recentemente ter participado do último trabalho da Bjork na trilha drawing restraint 9, na faixa Gratitude. Apesar de transmitir a idéia de ser um elemento essencialmente country, o Will odlham é digno de se chamar cosmopolita visto a grande versatilidade que o mesmo possui em relaçao à musica e às artes visuais, tendo experimentado viver nas mais grandes metropoles do mundo e ter ouvido em sua adolescencia diversas pérolas do indie rock urbano. Definitivamente é um mestre que merece espaço louvável em minha lista. http://www.palace.free.fr

Lhasa de Sela

Música é algo que não existe limites, apesar de hoje em dia as grandes gravadoras criarem estratégias de marketing e preparar ícones para entreter pessoas, ainda música em si é algo essencial humano que existe antes mesmo de toda essa mídia imbecil, e ainda se fazem músicos como antigamente, apesar de a maioria estar obscura, escondida, com uma grande fertilidade de trabalhos e sem se importarem com vendagens ou aparições em capas famosas. Artistas que falam da vida, de si mesmos, que não enxergam fronteiras que os impeçam de ir longe, de criar, de emocionar de uma maneira simples, sem toda essa parafernália que se reinventa a cada dia no grande mercado de música de massa. Lhasa de Sela é uma dessas figuras importantes, nascida nos EUA, desde cedo teve uma vida nômade, com pais de descendência americana e mexicana, percorrendo terras pela América do norte e vivenciando uma infância cheia de folclore, contos, lendas, sonoridades, lugares, pessoas, que quando a fez se descobrir com uma voz única, sentimental, triste, poética aliou toda a sua experiência de vida à sua música, que parecem mais belas poesias declamadas nas três línguas que fizeram parte de seu crescimento: inglês, espanhol e francês. A sonoridade dos discos da Lhasa é algo que passeia pelos estilos mexicanos, o folk/country, elementos circenses, melancolias francesas, tudo com algo de blues, porém é difícil definir, enquadrar uma artista tão completa que não encontra limites pra sua musicalidade. Seu trabalho é composto pelos discos La lhorona (todo em espanhol) e Living road (onde ela trabalha os três idiomas em belas faixas como Anywhere on this road, la confession, la frontera).

foi assim que ele pensou...

Sua natureza humana havia sido negada;
Descobriu-se algo maior que isso;
Viveria mil primaveras;
Sofreria todas as perdas;
Havia uma missão;
Carregava a cruz da morte;
Porém tinha alma humana;
Percebeu o amor, mas tinha que matar;
Não o fez, não podia, pois amava;
Havia o risco de entregar sua imortalidade;
Mas como todos os humanos se enganam;
Percebeu que tinha se enganado;
Viu que não era aceito;
E decidiu continuar sua missão;
Decidiu enfrentar o amor, usando o amor;
Para que só então;
Pudesse despertar esse sentimento de verdade...

I parte

Finalmente havia amanhecido... Os raios de sol já refletiam no rio e as casas, em ruínas, porém ainda belas, brilhavam com o amanhecer. Ele tomou o cavalo. Sua missão estava completa. Havia salvado os que deveriam ser salvos... E destruído os que deveriam ter sido, inclusive aqueles que o fizeram sofrer. E ele desistiu de ser um deus, porque tinha algo mais importante a fazer. E saiu pelas pontes, rápido e humano, em direção ao amor, passando por entre os prédios destruídos e o deserto da cidade maurícia. Satisfeito ainda não estava, pois alguém o esperava longe, alguém que ainda havia sobrevivido, de uma raça que já estava quase extinta. E o vento batia em sua face, tão rápido que ia montado no cavalo, pois já não podia mais voar. Perdera seus poderes. A deusa os havia tomado. Apenas seguia, confiante, forte, vivo. Já que havia saído como um verdadeiro vencedor.

oui

Amelie Poulain, personagem que me lembra às vezes... Eu paro pra pensar em como simplifico tudo pras pessoas tentando mostrá-las que nada é difícil, mas pra mim sempre é complicado, é aquele sentimento que a própria personagem tem de ajudar os outros e sempre esquecer de si mesma, além de costumar enxergar coisas grandiosas no que parece ser tão banal; acho que isso é o que mais gosto em mim, buscar prazeres nas coisas mais simples da vida; pra que coisas tão complexas? Seria bom ser como sou dessa forma? Não deveria talvez ser um pouco mais egoísta? Mas sei lá...tenho medo do egoísmo acabar se alastrando e escapar ao meu controle... E pra quem não viu o filme, recomendo sim, ele aborda tudo de uma forma tão bela, esse eternamente ficará na minha lista :)

nancy....

Uma das vozes que descobri por acaso dia desses foi da Nancy Vieira, estava eu nesses dias tediosos em frente à TV no interior e eis que na TVE brasil eu vejo uma chamada rápida nos intervalos que mostra um pouco da música de determinado país, foi então que nesse dia resolveram mostrar de Cabo Verde e com a Nancy cantando ao vivo uma música que até hoje não encontro. Em seu país ela já é cotada como uma das novas grandes vozes da cena caboverdiana, considerada por alguns como a sucessora da Cesaria Évora, mas não diria isso, a personalidade e timbre volcal da Nancy são únicos, é uma mistura de sensualidade com uma voz firme e grave e o ritmo parece mais um bom samba de raíz que pode se ouvir pela Lapa, só que muito mais africanidade e um português exótico. Com apenas dois discos (Nos raça e Segred) Nancy já vem se destacando na cena do world music, apesar de ainda ser muito difícil encontrar seus trabalhos seja na internet ou nas lojas (eu que o diga). Ela é mais uma cantante singular que faz parte da minha seleta lista de artistas... digamos, mais folclóricos.

sobre gotham lullaby (música da meredith monk)

Interessante a sensação que algumas músicas me passam, sensações interessantes como as de Gotham Lullaby. Ela não tem letras (no que se pode chamar de conjunto de caracteres), é apenas voz fluindo, acompanhado de algum instrumento como um piano ou alguma corda, ela passa a impressão de ser algo extremamente urbano, parece que se mistura com o barulho dos carros, das pessoas, das buzinas, fábricas, propagandas, mas ela está longe, está acima da metrópole, bem alto, onde ninguém pode alcançá-la, longe dos extremistas, dos esquerdistas, dos fashionables, dos punks, dos posers, dos nerds, dos junkies, dos indies, está bem lá no alto, no topo, pura e simples, e enxerga tudo de longe e acha tão engraçado e apenas ri, pra tudo que vê e sabe que vai em breve experimentar seus últimos minutos, e é assim que o ser que escreve se percebe na música, nas sensações e as torna uma filosofia de vida, que certamente, fará seus últimos minutos algo de valor muito maior.

desabafo

1: que se passa?
2: nada...coisas
1: que coisas?
2: não estou a fim de falar, quer dizer até estaria se estivesse num lugar mais tranquilo em que pudesse encontrar uma superficie pra me deitar e começar a falar.
1: um divã?
2: não é necessário tanto.
1: hmmm, é..por aqui fica mesmo dificil, com essas cadeiras nem um pouco aconchegantes.
2: você viu? o casal de alternativos?
1: vi sim. tomara que eles gostem do bar.
2: estou com um pouco de medo aqui...um deserto...essas ruas que já foram tão festivas...
1: não se preocupe, no raio em que estamos existe segurança.
2: é.....
1: mas então, não vai querer falar?
2: pode até ser...mas não estou a fim de ser objetivo.
1: você sempre gosta de usar metáforas hein? porque ao invés de falar que o chão da sua casa é de madeira, você fala "o lustrado jacarandá...ou qualquer outra árvore atlântica"....a minha praticidade não suporta tanta poética...
2: você quer mesmo me ouvir?
1: caso suporte...
2: pois bem...lá vai
1: comece...
2: existe um fato...algo concreto, palpável, tangível..certo?
1: certo? não sei....pra você é certo mesmo?
2: sim!
1: então tá certo.
2: pois então...se é algo forte, concreto, que pulsa...porque às vezes me parece que está abaixo de outra coisa?
1: como assim?
2: me parece que às vezes é algo real sim...porque sinto, mas que é camuflado...maquiado, omitido...e isso pelo próprio agente que mantem essa coisa viva....
1: hmmm estranho....
2: só isso que você tem a dizer?
1: você não me parece ser claro....
2: ser for claro demais eu serei explícito....
1: ah....você é quem sabe então....
2: às vezes eu queria que o mundo ouvisse...todos os ventos...que a mensagem se espalhasse mesmo, é meio insano mas tudo bem...são desejos que se esvaem logo
1: não exagere...
2: é mesmo, não devo, exagerei mesmo
1:então...
2: fazendo uma analogia ao casamento....
1: hmm acho que assim vou entender melhor....vá lá...
2: pois bem....nesse caso (falando em casamento) me sinto como o amante...
1: hmm...captei já
2: é.... eu sei que não é, mas é como se quase acabasse sendo...ai ai, deixa eu pegar os discos de umas moças de fora (azure ray), vou pensar na vida...
1: vá e boas reflexões....mas você sabe...que você tem toda a estima desse agente que faz isso se tornar real.
2: eu sei disso...tenho absoluta certeza...mas às vezes eu sinto falta........

quintas

Ao descer do auto ele caminhou com pressa entre os móveis, com passos longos ia se misturando à massa caótica de ruas estreitas e apinhadas de gente, seguiu exatamente o caminho que seu coração antes havia ensinado e a cada esquina ativava as lembranças vividas dias atrás, seguidas de conversas sobre futuro.
Pegou a caixa de luzes, jogou com ar de desprezo as notas, lamentou por fim a perda dos quadros e saiu apressado. Mas quantas ruas parecidas? estreitas, cheias de casebres velhos e belos, a seu modo. Desejou que nunca fossem derrubados, que permanecessem tal como estavam: "que graça haveria se perder entre edifícios?" pensava. Por fim achou o corredor, largo e longo, que ligava duas partes da cidade e recebia toda a afluência daquelas ruas estreitas. Um verdadeiro mosaico, de pedras com cores diversas e formas mais absurdas já imaginadas, constatou.
Dentre seus longos passos, tomou o outro lado e em disparada correu para a casa santa, que para ele nada mais se tratava que uma bela construção neo-clássica que...assim como tudo de época que ele havia constatado nessa viagem, deveria ser preservado.
Devo sentar-me? ora, mas isso aqui não foi edificado também para encontros? espionagem, segredos cochichados, conspirações? e a missa estava por começar...chamou-a e apenas ao ouvir um sim levantou-se do banco e com ar de respeito deixou o recinto.
O coração disparava e batia acompanhado do badalar do sino que aumentava à medida que se afastava do templo, naquele calor tropical e multidões apressadas ele cruzava com vultos, de tempos em que tanto refletia sobre a vida, de tanto que se buscava respostas e de tanto sal que atirava...pobre cordeiro de deus.
Por fim parou em frente ao palco e criando sua própria peça esperou...e então, numa quase desarmonia indiana escolheu os vegetais para o almoço e selou as pendências da última semana, com a ciência dos erros, da dependência e da fraqueza...um medo de ter que arrancar as âncoras e voltar pros montes...e então pensou "não se quebra, mas podemos andar lado a lado, com nossos próprios pés"

quarta-feira, agosto 16, 2006

new hairdress


Ao cortar a grama estava disposto a simplesmente engavetar emoções...vamos lá, tudo bem ralinho que nem pasto, até o horizonte se via. Junto com a massa verde arrancada estavam fora as angústias e emoções de plástico (a meu ver). E assim nublado seria o céu sobre os pampas. (...) Mas quão teimoso é ele, que com seus braços fotossintetizam tudo e invade sem pedir licença as raízes-artérias da tão já minguada e conformada grama. Assim, no seu levantar diurno, amarelo que abre bocas, escancara as portas e deixa a grama crescer, mas não como antes e sim com nova cor e forma que ela (a grama) tratou de arriscar. (...) Também existem os ventos que não ameaçam e sim empurram a grama na medida em que ele (o sol) se move, permitindo que ela viaje sempre em presença dos raios e não se perca das suas raízes.

sexta-feira, agosto 11, 2006

ah seu madruga....



acontece...

a minha evocação da farsa mascate

O Recife de mil caras e ainda daquelas que esperam que eu as encontre.
A cidade mosaico que se redesenha em minha massa cinza, que a confunde e joga uma série de enigmas, que se decifram a medida que descubro a vida.
Eu sinto cada vez mais repulsa e uma paixão brutal, carnal por essa cidade podre, fétida, falsa.
Ela é o contraste.
A síntese, a antítese, que forma a nova tese...as teorias mutáveis que vou adotando e doutrinando pelo vento; em forma de sons e de concreto, onde posso me moldar...antes que as chuvas tropicais possam estragar a forma, dissolvê-la como papel...que tanto levo tempo para construir...por olhares, bocas e pés.
É o Recife sem frevo, sem tambores, sem farinha e sem frescura.
O Recife do meu jeito, só como quero...pois tão volúvel que é...a consigo talhar com meus ossos e grito...do alto da torre: "Recife, festejo dos demônios e das moiras que me atormentam", te odeio tanto que te devoro, te cozinho e te sirvo, para auto satisfação de um ego.

I

não houve som
nem sinal
nem sinos
nem sonhos
nem sina
nem seita
nem sexo
nem sempre
que me fizesse reagir.
normalidade que me sufoca
e cega
e faz perder
sinestesias.

conto corriqueiro

Nunca fora belo (como prezam), os elogios se resumiam à sua capacidade técnica de aprender. "Popular" não estava em seu vocabulário...nem entre semelhantes de sangue era lá o preferido, na verdade nem sabia como havia chegado (tão?) longe. Para sempre claustro, máquina de retórica doida?

Havia cansado de onde se podia ouvir as fontes...desejou prédios, concreto, cinzas, tráficos, luzes...que fosse frio...mas à caráter.

Os impactos se iniciaram, encontrou-se em situações no mínimo estranhas, destoava de tudo, custou virar mais um adorno de pedra.

Pois quem diria, agora se achava com boas feições...nada digno de um narciso...mas o alimentava saudavelmente e buscou a ludicidade e ora...portanto encontrou o que nunca achava (e nem mesmo sabia) que precisaria achar um dia. Agora se diz bem, rindo feito tolo e escrevendo ininterruptamente. Quem diria? quem dirá? e quem diz?

brigada

letra orto
bela parnase
toques harmônicos
brilho estético
fonias audíveis...
QUE NADA !
mau gosto...
salvação da mesmice

dilema

há tantas idéias que passam em minha massa mas nem sei externá-las; parece que grudam...e nessa angústia vivo sem saber como vomitá-las. Eu sei bem quem sou...quem estimo também sabe (talvez)...mas esses papéis que risco, nunca irão (ou anseiam um dia) descobrir o que flutua em meus nervos.

existe

?
variáveis
não se sabe
elísios? não
que fazer?
abdicar?
ser curto e grosso
ou se aventurar?
é certeza, não negue
colar:
santa luzia? gertrudes ou de cássia?
mercados
bolas
transa
choques
missas
filos?
santos são frágeis:
nascem manchados e os glorificam depois;

escolho uma deusa
divina e diabólica
radiante e infeliz
terrível e magnifica,
música

quinta-feira, agosto 10, 2006

seus traços...e a letra (que adaptei para nós)


Come with me

My love

To the sea
The sea of love

I wanna tell you

How much I love you

Do you remember
When we met
That's the day
I knew (we were ours)

I wanna tell you
How much
I love you

Come with me
My love
To the sea

The sea of love
I wanna tell you
How much

I love you

eu posso...


hoje quero ser brega...que joguem tomates em mim na rua, que digam que sou pedra-monstro, mas hoje sim a breguice que se jogue nos meus poros. quero ser brega para dizer que a amo...sei nem em que nível ou situação, a amo apenas tomando como referência a liberdade que tomamos para se atribuir um grau a essa palavra. e ainda hoje enxergo...ah, nossos pés, e o barulho das folhas amarelas, ahh um tempero que não é brasil...um som que não é de todo feio...só a - me (vejo), e digo (sorte) à outra...por tê-la também como pedra (pedra azul - lápis lazuli), a outra não mais me tem, mas tem a ela.... coisas de vida (diz a avó). ela-eu, estamos nessa, de tudo, de nada, obrigado, lançando nossas artes sem planilhas, sem cronogramas, mortos de fome, esfarrapados, mas livres...loucos, o asco, o que deve ser eliminado (cristo...matai-vos). mas quando a vejo, os risos se juntam, a alma se aperta, os dedos ficam frios, de uma frieza mesmo de mar..um mar sem sal, com nostalgias de coisas nem mesmo vividas (assim que podemos lembrar, sabe?) e ainda consigo lembrar muitas coisas..."um mar de amor" pronto, já posso levá-la comigo e assim vamos ser...incompreendidos, até por aqueles que falaram nos amar um dia... e grito e corto e rasgo, tudo, todos, mas ela...ah ela, sempre fica, pois somos assim mesmo...serenos...tão simples, que tornamos complicados.

(na imagem: ela "que mais parece seus traços" e eu "que tão trapo assim sou visto pelos bichos")

segunda-feira, julho 31, 2006

na terra do sol do pavimento

doutor: diga seu problema.
ele: doutor, estou com cólicas sucessivas, um aperto, parece que as tripas se enrolam, parece que abrem minha barriga no meio e começam a brincar com o intestino, e sempre quero vomitar e não consigo...será gases doutor? mas passei dos limites com remédios do pai que resolvem isso e até agora nada...
doutor: melhor fazer uma endoscopia.
ele: o exame dque deixa você leso?
doutor: aqui estão os documentos necessários, e não se aborreça com o plano de saúde, pois você acaba em maus planos.

(na outra aurora)

doutor: seu caso mesmo é de uma gastrite moderada.
ele: moderada, então é fraca.
doutor: já é, como se chama no interior, carne-viva
ele: então o problema mesmo é no estômago?
doutor: sim, mas se não cuidar, se alastra pelo aparelho digestivo.
ele: me falaram de uma tal bactéria...
doutor: mas no seu caso ela não se manifestou...me diga uma coisa...como anda a vida
ele: (quer mesmo que eu responda?) em que sentido o senhor pergunta?
doutor: anda de bem com a vida? amigos? estudos? trabalho? vida amorosa?
ele: (sei responder não) - pausa - "normal" (disse sem gosto, insosso)
doutor: faça exercício, tome esse papel, não coma o que é proibido e saiba deitar na cama.
ele: (médicos hoje só querem encher fila mesmo) ok doutor, obrigado.

miserável, pra tentar curar feridinha de nada numa víscera inútil, mexe em feridas mais profundas...e agora? pra isso não tem desse remédio que se eu for nessa tal farmácia sai mais em conta. vou deixar de comer, vou voltar ao tédio de academia, mas e aí? se a alma anda cansada e luxenta não há saúde de monge que resolva. e eu que achei que fosse uma glândula perto do pâncreas que mexia com os sentimentos.... só falta agora cair uma chuva para adicionar a essa dor dos infernos...nunca quis tanto como hoje vomitar, os meus anseios, angústias, o estar só de minha pessoa, mas ele reprime, segura e toma as dores para si, e remoi, corroendo, destruindo, sendo mais potente que qualquer neurotransmissor...vou tomar um café, não quero saber!

prometo que é a última vez

confesso que sempre utilizo metáforas com o corpo humano para descrever situações externas, mas, relendo o que vinha escrevendo percebi que os textos estavam muito grosseiros e que, hoje, eles não mais tem sentido; mas também não significa que irei descartá-los, apenas vou apreciá-los de longe, como algo arquivado e prometo, mesmo, (ou pelo menos vou tentar) fazer com que esse seja o último texto sobre a relação explícita da fisiologia humana + ambiente em que o ser insere-se.
pois bem, depois de todo esse discurso, vamos às palavras, que já latejam na minha cabeça como um aneurisma...

sexta-feira, julho 28, 2006

eu tenho medo da censura o.O



Ocidentalismos à parte, mais um filme do Almodóvar que gostei, aliás, não lembro dos que eu vi de não ter gostado de algum...preciso também vasculhar melhor a trilha do filme e ainda há muito desse espanhol para ser visto, mas deixemos que os filmes batam na minha porta ;)

(ah sim, a capa original tem mesmo conotação sexual, o correto são dois corpos colados e unidos por...algo)!!!

é...

Longe das aldeias, longe das casas
Ouvimos cantar todas as fontes
E na solidão dos velhos montes
Beijamos as águas dos ribeiros
Mas de tudo já esqueceste
Neste mundo tudo muda
Agora estou triste e sozinho
Nesta cidade escura e fria
Onde a vida é uma agonia
Minha vida
Vida

guardei

"Agora sei: sou só. Eu e minha liberdade que não sei usar. Grande responsabilidade da solidão. Quem não é perdido não conhece a liberdade e não a ama. Quanto a mim, assumo a minha solidão. Que às vezes se extasia como diante do fogos de artifício. Sou só e tenho que viver uma certa glória íntima que na solidão pode se tornar dor. E a dor, silêncio" (Clarice)

quinta-feira, julho 27, 2006

definitivamente....

hoje estou excessivamente romântico, meloso, batendo nas coisas feito aluado e olhando pro alto...
ainda bem que não tem ninguém por perto agora pra não se encher com todo esse mel
e ainda ouvindo canções bregas em japonês...

:)

eu quero...

queria alguém para cantar as canções em japonês comigo...queria que fosse você...você pode me achar imaturo, infantil...mas o que quero mesmo é ainda preservar algo...desculpa por todo o meu sentimentalismo barato..........

e se....

eu tivesse escolhido um outro caminho há 3 anos atrás?
que cenário teria criado?
se nunca pensasse em encarar a cidade?
acho que um dia ainda me encontro com o outro "eu"
e vamos conversar por horas, dividir nossas histórias
e nos enxergar em nossas almas

(baseado nos pensamentos de um personagem com frustrações de escolhas feitas em sua vida num período de 10 anos)

só para constar por aqui

eu estava dormindo (sério mesmo, estava), mas o telefone dessas mães que perdem tempo monitorando os filhos que vão para as noitadas e não ligam para o trabalho do dia seguinte.... acabou me acordando. e nesse curto espaço de tempo que estava entre os lençóis eu sonhei, dessa vez não mais com perseguições, tiros, mortes. sonhei que estava em um castelo, grande, cheio de salas, ambientes, galerias, e em cada um desses cômodos eu assistia à origem de seres mitológicos e de fábulas infantis. lembro muito bem de um, onde uma mulher com aparência melancólica e longos cabelos em chama fitava o mar de uma sacada que se misturava com as pedras e que quando me distraí e voltei a mirar meus olhos em sua direção ela já estava entre o sal da água, e nadava aos poucos em direção ao fundo, com a cauda do vestido tomando a forma de uma barbatana....mas o telefone me acordou, quebrou tudo e ainda por cima estou chato agora, e me achando um gordo e feio e sem capacidades. acho que vou tomar algo...

não cava

há momentos em que morremos temporariamente: momentos que nos fazem sentir inúteis: em que ficaremos pra trás: que permaneceremos sozinho: são mortes esporádicas, mas mortes eternas, morre-se e renasce, mas com muitas forças já perdidas. sinto que morri hoje, por me sentir um grão, por me sentir ponto.

terça-feira, julho 25, 2006

diálogos

di: sabe qual a única coisa que me dá certeza?
pa: o que?
di: a música..eu sei que mesmo se eu estiver na merda mais fedida ela sempre vai estar comigo tentando dar algum conforto
pa: é mesmo
di: e eu sempre senti isso, na verdade é o que sempre vou acabar acreditando
pa: hmmmm
(na minha mente)
di: quem sabe...mas mesmo que não...eu sei que eles (os trovadores) vão sempre irritar meus ouvidos e o resto todo.
(o id falando)
id: tu não sabe? frustrado...é...o que você mais quer em vida...

não escrevo poesias

esse post eu crio com o único objetivo de deixar bem claro minha indignação quanto às pessoas acharem que sou poeta. vejam bem...poetas usam métricas, rimas, musicalidade. se é de uma maneira acadêmica sempre, não sei, o que sei é que eles possuem a liberdade com as palavras e que no final tudo sai, apesar de espontâneo, bem encaixado nas normas ditadas pelas escolas; exceto quando surgem aqueles que são considerados malditos. sou um maldito então, que passo horas e horas pensando e encontrando meios pra vomitar as palavras...chega de usar a palavra vômito, sempre a uso; não só vômito como também outras palavras ligadas à fisiologia humana, seja orgãos ou rejeitos. eu escrevo porque descobri que isso atenua minha ansiedade...é como se numa sala espalhassem almofadas e me pedissem para deitar sobre elas... e o que faria? passaria horas com os olhos pregados no teto, falando e falando sem parar, como se tivessem feito um corte cirúrgico no meu cérebro (lá vem os termos médicos de novo) e as palavras começassem a tomar forma, vida, e, como não poderia deixar de faltar esse termo, artérias.
acredito apenas em uma coisa...não existem regras para escrever, para mim é tudo pessoal demais, é o mesmo que se ensinar a por qual dos dois lados deve-se tomar como primeiro ao se vestir uma camisa...pois bem, eu escrevo, vocês escrevem e cada um atribui valores de importância ao que é produzido, escrito, vomitado......

terça-feira, julho 18, 2006

post difícil


Cuando el sol cambia color
Cuando el sol cambia su color...


brazilian mauristad sun

eu imaginei uma festa de loser dia desses e deu nisso:

murder on a dancefloor

groove groove groove

It's Henry Lee y las Moiras

cha cha cha

Yma Sumac comanda a festa
e a Sophie recepciona

e no fim da tarde do diavinteecincodedezembro

ele abriu as asas e afundou a praça e chorou tanto q se criou um lago...que quem se banhasse esqueceria todos os sofrimentos

é...


Mellon Collie and the Infinite Sadness(nome de álbum mais belo... no hay) tonight, tonight

sábado - RA - vinho - gelo - ponte - jogar

foi um tempo de aventuras, descobertas e muita conversa, sobre coisas que esquecia no outro dia e coisas que guardo até hoje...
momentos que partilhei com uma pessoa, a pessoa, que acompanhou os meus processos e retrocessos

sem nome

sintetizadores
sintéticos
podres
feios
estranhos
exagerados
meus
teus

hey you, yeah you...welcome to the depths parts of the world

ao cerne do problema, às raízes de todo o mal, à antecessão do todo, à origem do caos, ao tudo e ao nada... para onde as decomposições voltam em forma invisível quando se sente o último suspiro...

sexta-feira, julho 14, 2006

Le Petit Chevalier

I am the little knight
with the sky up above my eyes
I cannot be scared
I am the little knight
with the earth down below my feet
I shall visit you
I shall visit you


o disco sujo

quinta-feira, julho 13, 2006

conversa no ano novo

pi: mas q costume eh esse?
di: é tão simples, a cada mês guardo algo significativo pra mim, e depois antes de meia hora pra q o ano acabe, queimo com caixa e tudo.
pi: mas são coisas q deveriam ser guardadas.
di: estão mto bem guardadas em minha consciência, onde ninguém vai mexer.
pi: mas até aquela coisa cara q vc teve?
di: pra mim tudo aqui não tem preço.
pi: já tem algo pra janeiro?
di: ainda não, talvez um doce q ganhei mas acabou

tive fé

a duração que teve para ela se levantar da cama, olhar a lua bem em sua cara, por os pés quebrados no chão, vestir a seda que fedia a mofo, se arrastar até a porta, olhar para trás, tomar a garrafa cheia e atirar na janela foi bem rápida.
do corredor até a sala foram dois cigarros acesos sucessivamente enquanto a fumaça ofuscava a luz amarela do recinto vazio.
os pés quebrados e também sujos iam se arrastando fazendo um barulho irritante que rachou um dos copos verdes guardados na cristaleira velha.
a sala sim que parecia ter uma distância absurda e uma duração de chegada entediante.
ela sacou o encardido batom do bolso e pintou a cara, de baixo a cima, cor de carmim.
os olhos já doíam e o nariz tentava captar filas de ar.
e se arrastava, até que antes que caisse morta no chão alcançou a sala.
foi tudo bem breve.
pegou a taça de conhaque,
molhou a boca,
apagou os cigarros na parede vermelha e nova, e se dirigiu ao pé da janela
olhou para a lua mais uma vez que agora não mais brilhava em sua cara como antes
balbuciou as três palavras que achava que um dia poderia tê-las dito com toda a certeza do mundo
e se atirou ao nada.

terça-feira, julho 11, 2006

eu odeio

quem gosta de falar que foi especial para alguém e que é tão único a ponto de achar que ninguém mais vai conseguir fazer o mesmo por esse alguém...eu tenho mesmo pena dessas pessoas

ei

vamos comprar uma casa
vamos rasgar as flores
e levar tudo que é nosso?
dividir?
espaço nosso
sem guarda
sem estátua
casa boa
lá no poço?
vamo?
minha atual paixão é arquitetura, que aos poucos vem se materializando, logo, o sentido de paixão se perderá e dará espaço ao amor..é isso?
enfim, meus olhares andam aguçados para os detalhes nas construções

segunda-feira, julho 10, 2006

sobre irmãs no coletivo

eu não quero ceder o lugar às freiras;
elas perderam a partida...
não há segunda chance...
meu mundo as extirpou...
a verdade levantou bandeira
que balança nas minhas artérias.
Não sei se sou cético...
apenas não quero dividir meu espaço com noviças
sou filho de Deus também
logo,
bem o que quiser...eu realizo

sinestesias de seio

os cabelos - a relva amarela
a pele - a romã turca
os olhos - mar sereno
ouvidos - caverna ilusória
a boca - rio inquieto
o nariz - monte perdido
do resto não se sabe
e nem importa...
grama, fruto, água, eco, margem, topo
e as mães
que descem ladeiras
com seus imensos pacotes
que pesam cada vez mais
e machucam pés e veias
e ainda há o que se andar,
sempre há.
Até que sequem, caiam
evaporem-se
dissolvam-se, estreitem-se, nivelem-se
restando lembraças em arquivos
de óbito e cardíacos.

re-começando

Já perdi a conta de quantos blogs eu tive e de quantos apaguei sem nem mesmo salvar os textos legais que saiam espontaneamente...Daí depois comecei com os fotologs, que inclusive ainda consigo administrar, só que postar uma coisa apenas por dia me irrita (sou uma pessoa só um pouco ansiosa) e lá a proposta é outra pois é uma reunião entre imagem e texto, portanto vou iniciar prometendo não assassinar futuramente esse blog saído do forno :)